O novo Bayern
Desde já
pudemos tirar grandes lições de futebol de grandes equipes. Recentemente, o FC
Barcelona impressionou o mundo inteiro da forma como se relacionava com a bola,
levando dezenas de equipes a adotar as mesmas estratégias. Agora, o treinador
que criou sucesso na equipe espanhola, comanda O Bayern Munique, que
recentemente ganhou mais um troféu. A esse jogo, fomos buscar quatro lições
muito importantes, que podemos utilizar para organizar a nossa equipe.
1. Organização
Linha vermelha,
a distância entre lateral e médio-ala. Linha Azul, o espaço ocupado pela equipe,
exceto o extremo. Linha Verde, os passes
efetuados após a recuperação da posse de bola.
Dentro do centro de jogo, a azul, encontrámos 9
jogadores do Bayern vs 8 jogadores do Raja, embora dois nem sequer vão fazer
parte do lance, pois estão de costas para o portador e são adversários deste.
Podemos então aceitar esta situação como uma 9 vs 6.
Caso a bola estivesse na posse do Raja, as três
linhas de passe mais próximas estão marcadas por dois jogadores (a laranja) e
os atacantes, apesar de se dividirem 1x1 com a linha defensiva, encontram-se no
meio campo, e existe mesmo muito espaço para percorrer.
Mas, a bola encontra-se na posse do Bayern, que se
limitou a soltar a bola da zona de pressão. A equipe já estava preparada para
isso, uma vez que um jogador já se encontra disponível para receber a bola. O
portador demorou apenas 6 segundos a receber a bola, mais do que tempo
suficiente para a equipe se organizar, uma vez que não havia pressão em cima do
mesmo ou no trajeto que a bola percorreu.
2. Mobilidade
Linha vermelha,
Ribery, que pode vir a receber o prémio de melhor jogador do mundo em Janeiro
próximo. É então, um jogador de qualidade que imensos treinadores gostariam de
ter nas suas equipes.
Desta forma,
é natural que Josep Guardiola o queira ver em todas as zonas do campo. E existe
uma forma de o conseguir.
Através da mobilidade, que de fato, podemos
registar em vários momentos de jogo do Bayern Munique, é possível colocar um
jogador numa zona diferente do campo, para que as suas habilidades sejam
aproveitadas em várias zonas do campo.
Reparo em imensos treinadores que trocam os seus
médios-ala de posição, apenas uma vez ou duas por jogo, reservando-se os
jogadores a uma posição fixa.
Com Guardiola, os jogadores não ficam fixos.
Nem Ribery, nem outro jogador qualquer, seja para defender ou para atacar. Não
vale a pena fixar um jogador a uma zona do campo quando a equipe precisa dele
em outra zona, seja pelas suas habilidades técnico-táticas, seja pelo simples
jogo sem bola, que tanto desorganiza o adversário.
Num campo, dispomos de jogadores de equilíbrio e
jogadores de desequilíbrio. Se precisamos de desequilibrar em determinada zona,
nada mais simples do que levar esses jogadores para essa zona.
3. Estrutura
Finalmente
conseguimos observar a base da estrutura da equipa alemã. Sempre recomendo
criar mobilidade numa equipe, alterais ofensivos, trocas de posição, contenção,
no sentido de ocupar espaço e apoios para receber a bola, dificultando a
marcação adversária e a leitura de jogo. Por vezes, existem jogos que demoram
10 ou 20 minutos para perceber minimamente qual é a estrutura adversária.
A azul, a estrutura da equipe, no 4-3-3 com
triângulo de base alta. E mesmo no sistema desta imagem, podemos encontrar o
desmontar para o 4-2-4 que Guardiola usou, pelo menos nos primeiros minutos de
jogo: 4-2-4.
A laranja, temos duas duplas, uma formada por um
médio centro e por um ala, e outra formada por um avançado e por outra ala. Em
vários momentos de jogo, encontrámos estas duas duplas, prontas para explorar
um flanco ou outro flanco. Receber uma bola sozinho sem ter qualquer apoio,
torna o risco de perder a bola extremamente elevado.
E como sabemos, Guardiola gosta que as suas equipes
tenham a bola. Então, precisa montar um sistema que ajude o portador da bola a
ter opções, para que a equipe tenha a bola.
Aproveitemos ainda para salientar a amplitude que
encontrámos na saída de jogo.
Ninguém irá
chamar isto de um 4-3-3 de triângulo de base alta se não souber ler um jogo de
futebol. Mais depressa chamariam de 5-2-3 do que 4-3-3, pela disposição que
apresentam no campo. Mas a leitura de um sistema de jogo, não se pode fazer
pela disposição dos jogadores no campo. Não faz sentido.
Importa, é
associar as posições às funções dos jogadores. Por exemplo, estará o médio
defensivo, Thiago (e conhecido de Pep) a atuar como defesa centro nesta fase do
jogo? Será que um médio defensivo recua para defesa centro por uns breves
segundos de jogo durante a fase da saída de jogo?
Certamente que não. Trocar de posição por uns
segundos é um argumento ridículo. Aqui, importa é a função do jogador durante
esta fase. A par da amplitude feita pelos laterais e pelas defesas centro, a
função do médio defensivo foi recuar para ocupar espaço, trazer adversários
consigo e desta feita, libertar a zona central do terreno.
Para qualquer equipe bem organizada, existe uma
estrutura de jogo, montada através de princípios e estratégia. Se desmontarmos
uma equipe nas várias partes que a compõe, encontrámos meia dúzia de regras sem
sentido algum. Mas, se ligarmos cada uma das partes que compõe uma equipe,
ligando as partes da forma certa e escolhendo as partes certas, a estrutura
resultante será tão forte, que a probabilidade de vencer é muito maior.
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