Valores no Esporte
Valores
no Esporte - o que estamos ensinando aos nossos atletas?
Até aonde vale ser um jogador reconhecido se não tem respeito pelo
próximo ou não dá exemplos positivos?
Vinicius Concon*
Muitas vezes, no ambiente onde o dinheiro impera, os valores pessoais
são deixados em segundo plano.
Como sabemos, a competitividade está
presente em nossas vidas. Somos educados e criados em uma sociedade na qual o
primeiro lugar é extremamente valorizado e o segundo lugar é motivo de
insatisfação.
Se partirmos do pressuposto de que os
resultados são decididos nos detalhes como, por exemplo, em um jogo de
basquete, em que muitas vezes o resultado é decidido no último segundo, não há
lógica em desvalorizarmos e criticarmos o segundo colocado, pois um ponto a
mais ou um ponto a menos não define a qualidade de sua equipe.
Na vida é assim, estamos sempre à
procura de mais. Muitos esquecem de seus valores, de sua origem, e fazem tudo o
que estiver ao alcance para conquistar o tão sonhado primeiro lugar.
Não estamos dizendo que é errado se
dedicar ao máximo para conquistar a vitória, mas é errado se torturar por ter
lutado com todas as forças e não ter atingido o objetivo principal, se
considerando ou sendo considerado pela maioria como um perdedor. Os valores
estão sendo distorcidos desde a nossa infância e esse é um fator extremamente
preocupante, apesar de ser oculto.
Ganhar não pode ser considerado o
objetivo principal do processo de crescimento de um jovem atleta, mas sim
educar um profissional competente e dedicado, onde a busca pela melhora é
constante, sempre desenvolvendo os valores mais importantes na vida, como: o
respeito, a humildade, o saber trabalhar em grupo, confiança, entre outros que
determinarão a personalidade de cada um.
Um grande exemplo de perda de valores
nesse processo são os jogadores de futebol. Veja bem: jogadores e não atletas.
Infelizmente, nesse esporte o termo atleta está distorcido. Existem poucos que
podem ser considerados atletas e, esses sim, independente de títulos ou de
dinheiro, teriam de ser reconhecidos como verdadeiros craques, não só no
esporte, mas na vida.
Se as crianças acompanhassem e
seguissem esses exemplos positivos seria motivo de orgulho. Com o aumento da
visibilidade e com salários inimagináveis, a profissão de jogador de futebol é
um verdadeiro sonho para os pequenos. Porém, esses não crescem sabendo da
realidade, em que o Brasil, considerado o país do futebol, tem em torno de 200
mil jogadores profissionais e menos de 5% desses ganham mais de dois salários
mínimos.
Realmente, os números impressionam e o
assunto é sério. Convivi nesse meio durante toda a minha adolescência e a
realidade é difícil. Os garotos que ingressam na categoria de base de algum
clube profissional se iludem de tal maneira que deixam os estudos completamente
de lado, sem pensar na possibilidade de não darem certo. São alienados pelos
valores que a mídia impõe e esquecem dos verdadeiros valores que fazem a
diferença na vida.
A culpa é deles? De forma alguma, mas,
sim de quem comanda essas categorias de base, dos considerados
"professores", que colocam na cabeça desses jovens que o verdadeiro
vencedor será aquele que se tornará profissional, e os outros serão apenas
atletas frustrados.
Novamente, não quero generalizar.
Existem profissionais que podem realmente ser considerados como professores e
muitos clubes que têm um projeto que se preocupa com os seres humanos jovens
que estão ali. Mas infelizmente são minoria no cenário nacional.
Fica a reflexão: até onde vale vencer
no jogo se a comemoração é feita com bebidas, mulheres e festas sem limites?
Até onde vale ser um jogador reconhecido se não tem respeito pelo próximo,
fidelidade à sua esposa e exemplos positivos para seus filhos?
Até quando a mídia vai valorizar mais
qual time foi campeão do torneio juvenil do que qual time tem o melhor projeto
para educar futuros pais de família e grandes atletas?
Novamente, dou ênfase a esse termo,
pois jogadores são muitos e atletas, infelizmente, são poucos.
*Membro do GEPEFF – Grupo de Estudo e Pesquisa em Futebol e Futsal – Metrocamp.
*Membro do GEPEFF – Grupo de Estudo e Pesquisa em Futebol e Futsal – Metrocamp.
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