ANÁLISE DAS SESSÕES DE TREINAMENTO DE FUTEBOL ENTRE CATEGORIAS DE BASE E ESCOLINHAS
ANÁLISE
DAS SESSÕES DE TREINAMENTO DE FUTEBOL ENTRE
CATEGORIAS
DE BASE E ESCOLINHAS
Rodrigo
Vicenzi Casarin, Marcos Teonisto Cella
Orientador:
Michel Angillo Saad
Rodrigo
Vicenzi Casarin , Marcos Teonisto Cella
Orientador:
Michel Angillo Saad
Este
estudo teve como objetivo analisar os conteúdos das sessões de treinamentos de
futebol da categoria de base de um clube profissional e de uma escolinha na
categoria sub 15. O estudo caracterizou-se por uma pesquisa
descritivo-exploratória. Utilizou-se a técnica de observação sistemática e
direta das sessões de treinamento com o emprego de filmadora e posterior
transcrição dos dados em fichas de observação, bem como um questionário como
instrumentos de coleta de dados. Participaram deste estudo, praticantes de
futebol do gênero masculino em categoria de base e em escolinha pertencentes a
categoria sub-15, sendo uma categoria de base de um clube de futebol
profissional da cidade de Florianópolis e uma escolinha da fundação municipal
de esportes da cidade de Pinhalzinho, ambos de Santa Catarina, bem como os
respectivos treinadores. Os resultados obtidos indicam que o tempo total de
treinamento da categoria de base (858’) foi maior que o tempo total de
treinamento da escolinha (642’). Verificou-se ainda que os treinadores ocupam a
maior parte do tempo geral com o jogo propriamente dito. Percebeu-se uma ênfase
maior no treinamento físico (180’) por parte da categoria de base, enquanto a
escolinha preferenciou o treinamento de combinação dos fundamentos (105’). Os exercícios
do complexo de Jogo I, ou seja, situações de jogo, enfocando aspectos
técnico-táticos, foram realizados 5 vezes na equipe da categoria de base. Já na
equipe da escolinha, foram identificadas 6 situações. Ficou evidente que na
categoria de base foram trabalhados com maior ênfase os exercícios de complexo
de jogo II (50’). Ao analisarmos os dados obtidos na observação dos
treinamentos, é importante considerarmos os objetivos distintos de cada equipe.
Ficou clara a maior cobrança por resultados e maior preocupação com o
rendimento da categoria de base, num período de jogos decisivos do campeonato
estadual, enquanto a escolinha realizava seus treinamentos sem mais
perspectivas de competições formais para o ano. Os resultados obtidos revelam
aspectos importantes sobre as metodologias do ensino e do treinamento da
modalidade de futebol. Procurou- se evidenciar nesse trabalho, uma reflexão
crítica, contribuindo para a evolução do ensino-aprendizagem-treinamento do
futebol, possibilitando um aprofundamento dos profissionais envolvidos nesse
processo. Entendemos que nossas constatações não resolverão todos os problemas
que envolvem o treinamento, mas acreditamos que este estudo possa contribuir
para a evolução do futebol, bem como servir de referencia para outras
investigações.
Palavras-Chave:
Futebol. Escolinha. Categoria de Base
1
INTRODUÇÃO
As
Modalidades Esportivas Coletivas, desde a sua origem, têm sido praticadas pelas
crianças e adolescentes dos mais diferentes povos e nações. Sua evolução é
constante, ficando cada vez mais evidente seu caráter competitivo, regido por
regras e regulamentos (TEODORESCU, 1984). Por outro lado, os autores da
pedagogia do desporto também têm constatado a importância das Modalidades Esportivas
Coletivas para a educação de crianças e adolescentes de todos os segmentos da
sociedade brasileira, uma vez que sua prática pode promover intervenções quanto
a cooperação, convivência, participação, inclusão, entre outros (OLIVEIRA,
2002).
Entre
todas as Modalidades Esportivas Coletivas praticadas com bola, o futebol é a
mais apaixonante e que exige combinações mais complexas do sistema neuromuscular.
Sua história ou pré-história inicia na Ásia, primeiro na China, com o chamado
Tsú Chu, umas das primeiras referências ao jogo praticado com as mãos e com os
pés, e, depois na era medieval, no Japão, com o nome de Kemari (ROSE JUNIOR,
2006).
Na
sociedade contemporânea, o futebol tem se mostrado um fenômeno de grande
relevância sociocultural e é, também, amplamente vivenciado pelo brasileiro em
seu cotidiano e ressignificado a partir de sua institucionalização e de sua apropriação
pelos diversos grupos sociais. (VALENTIN; COELHO, 2005).
Segundo
Santos e Scaglia (2007) é de fundamental importância que se tenham definições
claras a respeito dos objetivos que se deseja atingir com o esporte, para que
sejam evitados equívocos, como a cobrança exacerbada pela performance.
Assim
sendo, existe a necessidade de se estruturar propostas pedagógicas para o ensino
do esporte, seja na forma de treinamento ou de lazer.
Portanto
nos deparamos com duas situações: uma que visa o rendimento, buscando
constantemente novos talentos, disposta nas categorias de base dos clubes de
futebol, e outra, com caráter lúdico-educacional, oferecidas pelas secretarias
municipais de esporte e demais instâncias administrativas do Estado, popularmente
conhecidas como escolinhas de futebol, focando a participação.
Diante
do exposto, este estudo pretendeu esclarecer o seguinte problema:
Como
são desenvolvidos os conteúdos nas sessões de treinamentos de futebol em escolinha
e em categorias de base?
Considerando
o objetivo de analisar as sessões de treinamentos de categorias de base e de
escolinhas do futebol, propomos os seguintes objetivos específicos:
Identificar os conteúdos desenvolvidos nas sessões de treinamentos de categorias
de base do futebol.
Identificar os conteúdos desenvolvidos nas sessões de treinamentos de escolinhas
de futebol.
Comparar os conteúdos desenvolvidos nas sessões de treinamento da categoria de
base com as sessões de treinamento de escolinhas.
Este
estudo partiu do pressuposto de que atendendo aos objetivos deve respondeu as
seguintes indagações:
Quais os conteúdos desenvolvidos nas sessões de treinamentos de categorias de
base do futebol?
Quais os conteúdos desenvolvidos nas sessões de treinamentos de escolinhas de
futebol?
Há diferença entre os conteúdos desenvolvidos nas sessões de treinamento das
categorias de base com as sessões de treinamento de escolinhas de futebol.
A
partir do objetivo geral desta investigação, este estudo justifica-se pela possibilidade
de refletir a cerca do esporte praticado nas categorias de base e nas escolinhas
de futebol, ou seja, fora do contexto escolar, e apontar como estas práticas
estão sendo realizadas, de forma a contribuir com a formação integral dos seus
praticantes.
A
inserção de crianças e jovens em modalidades esportivas coletivas, regradas e
sistematizadas ou mesmo em outros ambientes, requer a delimitação de objetivos
coerentes e o planejamento das atividades que, posteriormente, serão realizadas
durante o envolvimento direto com o esporte e com o ambiente que o cerca
(COLLET et al., 2007).
O
processo de ensino-aprendizagem de qualquer modalidade esportiva coletiva
afirma não pode ser feita sem cuidadosa e adequada metodologia, devendo considerar
os modernos preceitos da pedagogia, da didática geral e especial, e da psicologia,
em razão de que há muito tempo já foi ultrapassada a fase do empirismo, da
auto-aprendizagem e da ausência de segura orientação (BRACHT, 1983).
Portanto,
o presente estudo surgiu da necessidade de investigar a realidade das
categorias de base e das escolinhas, bem como contribuir para a melhoria da qualidade
no processo de ensino-aprendizagem-treinamento do futebol.
6
2 REVISÃO LITERATURA
2.1
A ESPECIALIZAÇÃO ESPORTIVA
As
idades em que os jovens atletas começam o treinamento específico e a participar
de competições de forma regular variam de acordo com as tradições existentes em
cada país, assim como a modalidade esportiva considerada (BAXTER-JONES, 1995;
DE ROSE JUNIOR, 1995; MARTENS, 1988; PAES, 1992; ROWLAND, 1996; ZAKHAROV, 1992,
apud, ARENA, 2000).
A
fase da especialização esportiva corresponde à época do treinamento em que as
pré-disposições de especificidade esportiva começam a ser ressaltadas e compreende
os dois ou três primeiros anos da criança ou adolescente na escola esportiva;
de forma específica, coincide com a as fases pré-pubertária e pubertária (GOMES
e MACHADO, 1999).
Para
Barbanti (2005), a especialização representa o elemento principal e o mais
importante para se ter uma carreira esportiva bem sucedida. Segundo o autor, ela
produz alterações relacionadas a especificidade do esporte praticado. Segundo Greco
e Benda (1998), é uma fase contínua na evolução do jovem adolescente, iniciando-se
aos 15 anos de idade e percorrendo até a fase adulta. Na concepção de Shimitd
(2001), o trabalho esportivo especializado deve acontecer após os 14 anos de
idade, em que os movimentos relacionados às habilidades esportivas passam do estágio
específico geral para o estágio especializado.
Assim,
essa fase deve ocorrer após o pico de velocidade crescimento da estatura,
tomando por base a idade biológica da criança. O pico de velocidade da estatura
tem, para os meninos, a idade aproximada de 14 a 15 anos e para as meninas os
13 a 14 anos de idade. (ASTRAND, 1997). A quantidade de horas de treinamento
anual deve ser entre 600h e 1000h (GOMES, 2002).
De
acordo com Verjoshanski (1990), esta etapa de especialização, localizada um
passo mais acima da pirâmide, continuará sua progressão em especificidade e deste
modo, tanto a preparação tática, técnica, física e psicológica, serão levados a
cabo de um modo unilateral para o esporte praticado. Esta fase normalmente desenvolve-se
a partir da puberdade, quando o organismo adolescente está apto para receber
trabalhos mais detalhados e complexos. Em função da natureza das Modalidades
Esportivas Coletivas, Oliveira (2002) confirma que as tarefas de 7 aperfeiçoamento
tático-técnico devem acontecer de forma mais detalhada, através de estruturas
jogadas e com situações específicas de 1x1 2x2 3x3 5x5 , fortalecendo, também,
os aspectos fiscos e psíquicos dos atletas.
Além
disso, a questão da especialização esportiva é complexa porque envolve além das
dimensões tradicionais do jogo, aspectos sócios culturais.
Incluídos
neste contexto estão representantes de vários segmentos da sociedade, como
dirigentes, técnicos, professores e pais, os quais, em algumas situações de treinamento,
esperam “resultados imediatistas”, através de uma boa atuação e resultados
esportivos de seus jovens atletas em jogos e competições (ARENA, 2000).
Assim,
a fase de especialização deve ser entendida como um meio para buscar a
excelência esportiva, e não como um fim. Portanto, deverá ocorrer com base em
uma estrutura sólida, que leva em consideração as características da modalidade,
o desenvolvimento individual dos praticantes, o aumento regular das tarefas e o
verdadeiro objetivo do treinamento. (WEINECK, 1991);
O
ENSINO-APRENDIZAGEM-TREINAMENTO DAS MODALIDADES ESPORTIVAS COLETIVAS
De
modo geral, as Modalidades Esportivas Coletivas, conteúdos de disciplinas
curriculares ou práticas competitivas, podem ser abordados de diferentes maneiras
(BAYER,1986).
Nesse
contexto, podem-se observar duas correntes pedagógicas de ensino das
modalidades esportivas coletivas: uma utiliza os métodos tradicionais ou didáticos,
decompondo os elementos (fragmentação), na qual a memorização e a repetição
permitem moldar a criança e o adolescente ao modelo adulto. A outra corrente
destaca os métodos ativos, que levam em conta os interesses dos jovens e que, a
partir de situações vivenciadas, iniciativa, imaginação e reflexão possam favorecer
a aquisição de um saber adaptado às situações causadas pela imprevisibilidade
(BAYER,1986). Conforme o mesmo autor a corrente dos métodos ativos, chamada de
pedagogia das situações, deve promover aos indivíduos a cooperação com seus
companheiros, a integração ao coletivo, opondo-se aos adversários, mostrando,
ao aprendiz, as possibilidades de percepção das “situações 8 de jogo",
interferindo na tomada de decisão, elaborando uma "solução mental", buscando
resolver os problemas que surgem com respostas motoras mais rápidas, principalmente
nas interceptações e antecipações, frente às atividade dos adversários.
Na
concepção de Garganta (1998), também há duas abordagens pedagógicas de ensino:
a primeira é mecanicista, centrada na técnica, na qual o jogo é decomposto em
elementos técnicos: passe, drible, recepção, arremesso. Os gestos são
aprimorados, especializados, e suas consequências mostram o jogo pouco
criativo, com comportamentos estereotipados e problemas na compreensão do jogo,
com leituras deficientes do ponto de vista tático. As situações problema ocasionadas
pelas reais situações de jogo, são pobres e podem provocar desvios na evolução
do aluno/atleta.
A
segunda abordagem de Garganta (1998) é a das combinações de jogo contidas na
tática por intermédio dos jogos condicionados, voltados para o todo, nos quais
as relações das partes são fundamentais para a compreensão do jogo, facilitando
o processo de aprendizagem da técnica. O jogo é decomposto em unidades
funcionais sistemáticas de complexidade crescente, nas quais os princípios do
jogo regulam a aprendizagem. As ações técnicas são desenvolvidas com base nas
ações táticas, de forma orientada e provocada.
Para
o ensino-aprendizagem-treinamento, Greco e Benda (1998) adotam a pedagogia das
intenções, na qual as técnicas são trabalhadas em situações representadas por
exercícios nos seus parâmetros particulares de execução e aplicação. Os autores
utilizam também o método situacional, com situações de jogo de 2x2, 3x3,
servindo para o aperfeiçoamento físico e técnico-tático, as quais contribuem
para comportamentos táticos posteriores.
Seguindo
essa linha de raciocínio, Paes (2001) arrola experiências práticas em situações
de jogo, em 1x1-2x2-3x3, e ainda o "jogo possível" como uma possibilidade
de ensinar as modalidades esportivas coletivas, pois o mesmo pode propiciar aos
alunos o conhecimento e a aprendizagem dos fundamentos básicos das modalidades
coletivas, considerando seus valores relativos e absolutos, e também aprenderem
de acordo com suas possibilidades materiais (locais de aprendizagem).
Almeja-se, nesse procedimento, a motivação por parte dos alunos ou praticantes,
para que os mesmos tomem gosto e possam usufruir a prática 9 desportiva, como
beneficio para melhor qualidade de vida, caso seus talentos pessoais não
despertem o sucesso atlético.
Outra
proposta de ensino é apresentada por Mertens e Musch (1990, apud, OLIVEIRA,
2002), tomando como referência a idéia do jogo, no qual as situações de exercícios
da técnica aparecem claramente nas situações táticas, simplificando o jogo
formal para jogos reduzidos e relacionando situações de jogo com o jogo propriamente
dito. Essa forma de jogo deve preservar a autenticidade e a autonomia dos
praticantes, respeitando-se o jogo formal. Sendo assim, deve-se manter as estruturas
específicas de cada modalidade; a finalização, a criação de oportunidades para
o drible, passe, e lançamentos nas ações ofensivas. O posicionamento defensivo
é generalizado e procura-se dificultar a organização ofensiva dos adversários,
principalmente nas interceptações dos passes, estabelecendo uma dinâmica entre
as fases de defesa-transição-ataque.
Outra
corrente é o modelo baseado na compreensão “Teaching Games for Understanding”
(TGFU), segundo Placek (apud, COSTA; NASCIMENTO, 2004), constitui-se num modelo
de integração, que favorece a compreensão dos esportes e facilita a
transferência da aprendizagem (THORPE, BUNKER; ALMOND, 1984 apud GRAÇA;
MESQUITA, 2002), enunciaram 4 princípios pedagógicos que norteiam a estruturação
pedagógica desse modelo:
1)
critério na escolha dos jogos para proporcionar variabilidade nas experiências
vividas pelos alunos, facilitando a compreensão dos elementos táticos do jogo;
2)
a modificação por representação, que modifica a complexidade do jogo formal,
tornando-o mais simples, através de alterações no espaço, tempo e materiais utilizados;
3)
a modificação por exagero, através do estabelecimento de regras de funcionamento
do jogo que considerem situações específicas de determinados aspectos do jogo,
colocando os alunos em situação de superioridade ou inferioridade numérica;
4)
a complexidade tática, que deve ser evidenciada progressivamente.
Observando
as premissas acima, pode-se constatar que as novas metodologias baseiam-se na
verdadeira essência do desporto futebol, o jogo. Em entrevista concedida para
Mello (2006), Scaglia afirma que utilizado-se a metodologia pautada nos jogos,
o ponto de partida para a transição do gesto eficaz para o gesto cada vez mais
eficiente se dá por meio da crescente tomada de consciência das ações. Assim o
foco das intervenções pedagógicas do professor deve ser o de facilitar a
compreensão das lógicas dos jogos (pequenos, médios e grandes), ou seja,
“facilitar” nunca significa dar a resposta pronta para os alunos, mas sim
ajudá-los a construir conhecimentos (SCAGLIA, 2006)
Nesse
entendimento, fica explícito não ocorreram evidências de que o ensino isolado
da técnica ou de movimentos físicos descontextualizados sejam significativos quanto
ao ganho de aprendizagem. A aprendizagem não pode ser associada somente às
capacidades técnicas ou físicas. Dessa forma, outros fatores devem ser considerados:
como as capacidades cognitivo-perceptivas, a motivação para a aprendizagem, a
relação professor-aluno e a complexidade das tarefas (RINK et al. 1996).
Desta
forma é necessário que o professor tenha conhecimento sobre as novas tendências
de ensino dos esportes, para que possa escolher e refletir acerca das
abordagens investigadas, utilizando-se dos procedimentos de modo a orientar a sua
prática pedagógica (COSTA; NASCIMENTO, 2004).
2.3
CATEGORIAS DE BASE E ESCOLINHAS NO FUTEBOL
As
expectativas de tendências mundiais, baseadas na tendência da globalização,
voltadas para a perspectiva da totalidade do indivíduo dentro da prática
esportiva, clamando para si um campo específico de estudos científicos, centrado
na Ciência do Esporte. Daí surge paradigmas distintos do entendimento do fenômeno
esportivo, sendo o primeiro focado na idéia de esporte rendimento e o segundo
dirigido às perspectivas de participação (TUBINO, 1992).
Transferindo
essa realidade para o futebol, o conceito de esporte rendimento fica
evidenciado nas categorias de base, cujo propósito é formar ou revelar o atleta
para o mundo futebolístico, visando resultados competitivos e lucro com sua
possível venda.
Nas
categorias de base dos clubes de futebol, entre vários objetivos destacam-se:
permitir a possibilidade de correção de ‘vícios’ do jovem jogador, incutir no
jovem a predisposição ao trabalho físico e adequar o jogador às normas do clube
(WILPERT, 2005). Nesse sentido, o processo de treinamento é construído pela busca
extenuante do aperfeiçoamento de movimentos e técnicas.
Atualmente
as categorias de base, principalmente em nosso país, preocupam-se em formar
rapidamente o atleta, para atender às necessidades do mercado e do mundo
profissional. Muitos clubes não levam em consideração o processo de formação
gradual, ou seja, há uma precocidade e uma forte cobrança em cima dos atletas
pelo rendimento máximo nos treinamentos e nas competições disputadas. Azevedo
(2008) dispõem algumas particularidades das categorias de base:
-
Campos de treinamento em quantidade com excelente qualidade.
-
Materiais esportivos adequados para a prática esportiva.
-
Vestiários equipados usados antes e depois da prática esportiva.
-
Sala de musculação e reuniões.
-
Equipe multidisciplinar (treinador, preparador físico, psicólogo, massagista, médico).
-
Busca de retorno financeiro.
-
Competições durante toda a temporada.
-
Metodologia de treinamento bem definida, geralmente tradicional, que visa uma a
aquisição dos aspectos físico, técnicos e táticos por partes, levando os
atletas ao rendimento total.
O
esporte de alto rendimento ou esporte performance caracteriza-se por trazer
consigo os propósitos de novos êxitos esportivos, a vitória sobre os adversários
nos mesmos códigos, e é exercido sob regras pré-estabelecidas pelos organismos
internacionais de cada modalidade. Define-se desta maneira por uma clara
fundamentação em regras estritas determinadas por cada instituição que exerce o
poder sobre sua modalidade (TUBINO, 2001).
Ainda
para Tubino (2001), há uma tendência natural que seja exercida pelos chamados
talentos esportivos, o que o impede de ser considerado uma manifestação
comprometida com valores democráticos. Podemos entender que a busca pelo
desempenho, pelo brilhantismo nos esportes, é fundamentalmente uma busca pelo
reconhecimento do talento individual, pela idéia de diferenciação numa sociedade
extremamente hierarquizada que pouco permite e pouco promove o reconhecimento
para suas classes menos favorecidas se não for através de meios esportivos ou
culturais, como é o caso da sociedade brasileira.
Não
é difícil escutar falas entre os pais ou mesmo entre os jovens de que eles estão
tentando adentrar no meio esportivo para “ser alguém”, o que por definição remete
a idéia de que se não for por esta via o jovem continuará a ser um “ninguém”.
Nessa
idéia, a competição possui aspectos positivos e negativos, dependendo da forma
como essa é utilizada. Ou seja, a competição pode auxiliar na formação integral
do atleta, nos aspectos cognitivo, social, físico e afetivo e nas atitudes
saudáveis e de autovalorização, se utilizada com objetivo de emancipação, integração
e lazer. Porém, se a competição for priorizada para se destacar as vitórias,
autopromoção e sobrepujança ao adversário, se estará negando uma convivência
sadia, onde o ser humano precisa estar em primeiro lugar (SHIGUNOV; PEREIRA, 1993).
Betti
(1991) entende que o envolvimento em atividades competitivas, desperta grande
interesse e motivação, possibilitando desta forma uma maior afirmação social,
sendo que o seu lado negativo se reflete no caso de possuir toda uma conotação
burguesa e realçando o sistema capitalista industrial (princípio de sobrepujança),
podendo ocasionar traumas psicoafetivo-sociais.
Em
contraposição, temos o esporte participação, pertencente as escolinhas de
prefeituras municipais e projetos sociais, tendo com tema central a formação diferenciada
do atleta, visando principalmente os aspectos sociais e educacionais.
Conforme
Scaglia (1996) parece ser função básica da escolinha proporcionar um processo
de ensino aprendizagem, que venha a possibilitar um aprendizado da modalidade
em questão, mas que este aprendizado não tenha um fim em si mesmo, ou seja,
este processo deve estar envolvido em todo um contexto vivido pelo aluno.
Para
o mesmo autor, uma escolinha envolta por uma concepção de educação permanente,
que, através da aplicação de conhecimentos de pedagogia de esportes, terá a
finalidade e a responsabilidade de possibilitar um desenvolvimento ao aluno,
onde o esporte não se restringe a um “fazer” mecânico, visando um rendimento
exterior ao indivíduo, mas torna-se um compreender, um incorporar, um aprender
atitudes, habilidades e conhecimentos, que o levem a dominar os valores e padrões
da cultura esportiva o deve estar envolvido em todo um contexto vivido pelo aluno.
Azevêdo
(2008) apresenta algumas características pertencentes às escolinhas de futebol:
-
Não existe retorno financeiro.
-
Estrutura física é bem menor e com menos qualidade.
-
Apenas o professor está presente na comissão técnica.
-
Materiais esportivos de menor qualidade.
-
Competições disputadas esporadicamente.
-
Há uma pedagogia de formação do cidadão, através de atividades diversificadas, que
desenvolvam a totalidade.
A prática pedagógica
em escolinhas serve como um meio de retirar as crianças da “rua”, do seu
“pedaço”, dos lugares onde elas desenvolvem suas redes
de sociabilidade,
onde criam uma relação homem-espaço e onde estabelecem suas identidades. Tal
representação se dá sob a perspectiva de que, num ambiente onde ocorre o “mau
funcionamento” da sociedade, as crianças estariam se apropriando de valores
menos humano e compartilhando princípios desviantes, no intuito de trazêlas
para o campo esportivo, onde elas se aproximariam de um outro estilo de vida, mais
civilizado, humano e normativo (SCAGLIA, 1996).
O
esporte participação é “o esporte referenciado com o principio do prazer lúdico,
e que tem como finalidade o bem-estar social de seus participantes”, é de se notar
que, nesta visão, o esporte perderia ao seu viés utilitário, viés este, considerado
de suma importância pelo esporte de alto rendimento, na visão do alto rendimento
esportivo deve-se sempre realçar os ganhos e destacar os indivíduos que o
praticam tornando-os diferenciados em função de sua técnica (TUBINO, 2001).
Nesse
entendimento, torna-se claro que o esporte participação cria a possibilidade de
uma inserção diferenciada do esporte na sociedade, contudo está dimensão não
possui, no imaginário social brasileiro, a possibilidade de ascensão social
virtualmente criada pelo esporte de alto rendimento. (TUBINO, 2001)
3
METODOLOGIA
Neste
capítulo são descritos os procedimentos metodológicos utilizados no desenrolar
do estudo. Em um primeiro momento será caracterizado o estudo em questão, para
em seguida descrever os sujeitos da pesquisa. Na seqüência, serão abordados os
instrumentos utilizados para a coleta de dados, bem como um breve comentário da
realização da coleta de dados e das estratégias adotadas e análise dos
resultados, e finalizando uma síntese de como foi realizada a análise da coleta
de dados.
3.1
CARACTERISTICAS DA PESQUISA
Este
estudo e se caracteriza por uma pesquisa descritiva-exploratória. Para Trevinhos
(1997), o estudo descritivo descreve com exatidão os fatos e fenômenos de determinada
realidade. Para Nardi e Santos (2003), a pesquisa exploratória busca informar
ao pesquisador a real importância do problema, em que estágio se encontra as
informações sobre o assunto.
3.2
SUJEITOS DA PESQUISA
Participaram
deste estudo, praticantes de futebol do sexo masculino em
Categoria
de base e em Escolinha pertencentes a categoria sub-15, sendo uma
Categoria
de Base de um clube de futebol profissional da cidade de Florianópolis e uma
Escolinha da Fundação Municipal de Esportes da cidade de Pinhalzinho, ambos de
Santa Catarina, bem como os respectivos treinadores.
3.3
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
Como
instrumento de coleta de dados utilizou-se:
a)
Um questionário (APENDICE A), com questões abertas e fechadas, a ser aplicado
aos treinadores acerca das concepções e conhecimentos utilizados no processo de
ensino-aprendizagem-treinamento do futebol. O questionário buscará obter
informações sobre a biografia do professor/treinador, as fontes de conhecimentos
que subsidiam as sessões de treinamento, a abordagem didático- pedagógica
desenvolvida e o planejamento referente ao processo ensino aprendizagem-treinamento
utilizado nas sessões.
b)
A observação sistemática e direta das sessões de treinamento com o emprego de
filmadora e posterior transcrição dos dados em fichas de observação (APENDICE
B). O esquema adotado foi adaptado e similar aos procedimentos utilizados no
estudo de Saad (2002) para contemplar a análise pormenorizada dos exercícios
realizados. A análise do processo de ensino-aprendizagem-treinamento (APENDICE
C) foi realizada basicamente em três esferas gerais: complexidade estrutural
das atividades (delimitação espacial, modos de participação e duração das atividades),
complexidade estrutural das tarefas (função, classificação e critério de êxito
das tarefas) e complexidade do campo ecológico (condutas do treinador e atletas).
3.4
COLETA DE DADOS
A
coleta de dados foi realizada pelos próprios pesquisadores, durante um período
de três meses (setembro, outubro e novembro). Foram observadas 8 (oito) sessões
de treinamento de uma equipe de categoria de base e 8 (oito) sessões de treinamento
de uma escolinha.
Antes
de iniciar a coleta de dados, foi solicitada autorização junto aos professores
para a realização da investigação (APÊNDICE D).
3.5
ANALISE DOS DADOS
Os
dados obtidos através das filmagens foram transcritos em fichas sistemáticas de
observação e posteriormente agrupados para facilitar a interpretação dos
mesmos. A discussão dos resultados foi baseada inicialmente na análise das respostas
obtidas por meio do questionário aplicado e da observação direta das sessões de
treinamento durante o período de coleta de dados.
A
análise descritiva dos resultados foi realizada através do agrupamento dos dados
obtidos para determinação frequência e frequência percentual.
4
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS
Para
a análise dos dados utilizou-se da frequência relativa e a frequência absoluta
em cada aspecto apresentado.
No
que diz respeito às atividades mais frequentes nas sessões de treinamento, foi
possível identificar e cadastrar 132 atividades, nas 16 sessões de treinamento
observadas. Sendo 74 atividades realizadas na categoria de base e 58 atividades
realizadas nas sessões observadas na escolinha.
A
forma como cada treinador distribui o tempo em segmentos do treino durante as
sessões, permitiu cadastrar 10 tipos distintos de segmentos dos treinos (atividades),
nas quais se observa: conversa com o treinador, aquecimento sem bola,
aquecimento com bola, treinamento técnico, treinamento técnico-tático, treinamento
tático, treinamento físico, jogo propriamente dito, intervalo de descanso e
relaxamento final.
A
categoria de base observada foi de um clube de futebol profissional que disputa
o campeonato brasileiro da série B da cidade de Florianópolis (SC). A categoria
sub-15 conta com 32 atletas em seu grupo, um treinador, um preparador físico,
um massagista, um mordomo e um auxiliar de psicologia. Além de, contar com o
departamento médico do clube, nutricionista, fisioterapeuta e assessoria de imprensa.
O
treinador é formado em Educação Física desde 1991 e pós-graduado em
Gestão
do Desporto e faz parte do Sindicato dos Treinadores Profissionais de
Futebol
do Estado de São Paulo.
Sua
experiência esportiva inclui passagens no futsal e no futebol trabalhou em
clubes com o Vitória, Grêmio, Avaí, Figueirense e Flamengo. Possui experiência internacional
na Hungria e Eslováquia, além de estágio no ano de 2001 na Espanha, nos clubes
Espanyol e Barcelona.
O
planejamento dos treinamentos e jogos da equipe infantil da categoria de base é
realizado com base na competição alvo, ou seja, no campeonato estadual da categoria.
Primeiramente,
o treinador realizou um levantamento contendo objetivo, suprimentos e materiais
necessários aos treinamentos a serem adquiridos, recursos humanos, comissão
técnica e funções, além de locais e tipos de treinamento.
Os
treinamentos iniciaram 4 meses antes da competição. Foram feitas programações
mensais, semanais e por sessão de treinamento. A avaliação dos atletas é feita
de forma individual, considerando a frequência, assiduidade, interesse, aproveitamento
físico, técnico, tático e escolar além de disciplina. Outras observações
pertinentes sobre os atletas podem ser anotadas em fichas.
Em
relação a escolinha de futebol, foi observada uma Escolinha da Fundação
Municipal
de Esportes da cidade de Pinhalzinho. A escolinha tem 25 alunos e um treinador.
O treinador é formado em Educação Física desde 2006, com Pós Graduação em
Treinamento Esportivo. Sua experiência esportiva inclui passagens no futsal e
no futebol como atleta, atuando como atleta em clubes como E. C. Pelotas
(Pelotas), G. A.
Farroupilha
(Pelotas), E. C. São Paulo (Rio Grande) e E.C. Taquariense (Taquari).
Como
treinador na escolinha atua a aproximadamente 4 anos junto a Fundação
Municipal
de Pinhalzinho.
O
planejamento dos treinamentos e jogos da equipe sub-15 da escolinha de futebol
é realizado de acordo com as competições que serão disputadas. Por se tratar de
uma escolinha com um cunho social, o treinador traça estratégias para selecionar
os atletas que participarão das competições.
A
avaliação dos atletas é realizada por procedimentos pré-estabelecidos (assiduidade,
comportamento e cooperação) e também através do desempenho em treinamentos e
jogos.
A
seguir, serão apresentadas as análises das sessões de treinamento realizadas na
categoria de base e na escolinha, sendo observadas 8 sessões de treinamento na
categoria de base e 8 na escolinha, num total de 16 sessões de treinamento.
Quadro
1 – Tempo em minutos dos segmentos das sessões de treinamento da categoria de
base
Segmentos
dos Treinos Tempo em Minutos Frequência Percentual (%)
Conversa
com o treinador 55’ 6,41%
Aquecimento
sem bola 96’ 11,18%
Aquecimento
com bola 22’ 2,56%
Treinamento
Técnico 65’ 7,57%
Treinamento
Técnico-tático 87’ 10,13%
Treinamento
Tático 50’ 5,82%
Treinamento
Físico 180’ 20,97%
Jogo
propriamente dito 200’ 23,31%
Intervalo
de repouso/descanso 72’ 8,39%
Relaxamento
Final 31’ 3,61%
Total 858’
100%
Quadro
2 - Tempo em minutos dos segmentos das sessões de treinamento da escolinha
Segmentos
dos Treinos Tempo em Minutos
Freqüência
Percentual (%)
Conversa
com o treinador 42’ 6,54%
Aquecimento
sem bola 38’ 5,91%
Aquecimento
com bola 70’ 10,90%
Treinamento
Técnico 110’ 17,13%
Treinamento
Técnico-tático 89’ 13,86%
Treinamento
Tático 20’ 3,11%
Treinamento
Físico 25’ 3,89%
Jogo
propriamente dito 170’ 26,47%
Intervalo
de repouso/descanso 40’ 6,23%
Relaxamento
Final 38’ 5,91% Total 642’ 100%
Em
relação ao parâmetro tempo (em minutos) foram observadas diferenças entre a
categoria de base e a escolinha. O tempo total de treinamento da categoria de
base foi de 858 minutos e o tempo da escolinha foi de 642 minutos.
Em
relação aos segmentos do treino: aquecimento sem bola e aquecimento com bola,
foi verificado que a categoria de base utilizou com maior frequência o aquecimento
sem bola (96’) e a escolinha o aquecimento com bola (70’).
Quanto
ao segmento treinamento técnico, observam-se diferenças entre as equipes. Na
categoria de base foi direcionado 7,57%(65’), enquanto que a escolinha destinou
17,13%(110’) do tempo total das sessões de treinamento. Outra diferenciação foi
no aspecto físico. A categoria de base utilizou 20,97%(180’) e a escolinha
3,89%(25’).
Conforme
pode ser observado no quadro 1 e 2, a atividade de jogo propriamente dito é,
entre os segmentos do treino, a que mais tempo ocupa no geral na categoria de
base e na escolinha.
Quadro
3 – Tempo em minutos das condições das tarefas das sessões de treinamento da
categoria de base.
Condições
da tarefa
Tempo
em
Minutos
Frequência
Percentual
(%)
Fundamentos
Individuais 42’ 7,84%
Combinação
de Fundamentos 34’ 6,34%
Complexo
do Jogo I (técnico-tático) 30’ 5,59%
Complexo
do Jogo II (tático) 50’ 9,32%
Jogo
200’ 37,31%
Treinamento
Físico 180’ 33,58%
Total
536’ 100%
Quadro
4 – Tempo em minutos das condições das tarefas das sessões de treinamento da
escolinha.
Condições
da tarefa Tempo em Minutos Frequência Percentual (%)
Fundamentos
Individuais 30’ 7,43%
Combinação
de Fundamentos 105’ 25,99%
Complexo
do Jogo I (técnico tático)
79’ 19,55%
Complexo
do Jogo II (tático) 20’ 4,95%
Jogo
145’ 35,89%
Treinamento
Físico 25’ 6,19%
Total
404’ 100%
Nos
quadros 3 e 4 observa-se que o segmento fundamentos individuais na categoria de
base foi destinado (7,84%)(42’) e, na a escolinha (7,43%)(30’) do tempo,
mostrando a pouca utilização do trabalho analítico de fixação técnica.
Observa-se
também na categoria de base, a pouca utilização dos quistos combinação de fundamentos
(6,34%)(34’), complexo do jogo I (técnico-tático) (5,59%)(30’), contrastando
com a escolinha, que teve nos segmentos, combinação de fundamentos
(25,99%)(105’) e complexo do jogo I (técnico-tático) (19,55%)(79’).
Quanto
ao complexo de jogo II, a categoria de base obteve 9,32%(50’), enquanto a categoria
de base utilizou (4,95%)(20’).
Em
relação ao treinamento físico, a categoria de base utilizou-se de (33, 58%)
(180’)
do tempo, dando preferência para valência força, desenvolvida na academia.
Nessa
situação evidenciada na categoria de base, Oliveira et al. (2006), trazem
algumas considerações onde Mourinho afirma que num exercício técnico- tático em
que existam ao mesmo tempo muitos saltos, muitas quedas, muitas frenagens e
muitas mudanças de direção, é mais importante do que um outro onde se trabalhe
a força de forma isolada ou descontextualizada. Já a escolinha teve (6,19%)(25’),
realizando uma sessão de treinamento físico.
Quadro
5 - Estruturação dos segmentos das sessões de treinamento da categoria de base.
Estruturação
das sequências de exercícios Frequência
Frequência
Percentual
Fundamento
individual + combinação dos fundamentos 1
12,5%
Fundamento
individual + combinação dos fundamentos+ jogo 1
12,25%
Combinação
dos fundamentos + complexo de jogo I 1 12,5%
Combinação
dos fundam. + complexo de jogo II 1 12,5%
Treinamento
Físico + complexo de jogo I 1 12,25%
Treinamento
Físico + complexo de jogo II 1 12,25%
Treinamento
Físico + Jogo 1 12,5%
Treinamento
Físico 1 12,25
Total
8 100%
Quadro
6 - Estruturação dos segmentos das sessões de treino da escolinha.
Estruturação
das sequências de exercícios
Frequência
Frequência
Percentual
Fundamento
individual + combinação dos fundamentos 1
12,5%
Fundamento
individual + combinação dos fundamentos+ jogo 1
12,5%,
Combinação
dos fundamentos + complexo de jogo I 2 25%
Combinação
dos fundam. + complexo de jogo II 1 12,5%
Treinamento
Fisco + Jogo 1 12,5%
Jogo
2 25%
Total
8 100%
Observa-se
no quadro 5 e 6 que a estruturação das atividades, compactua com a forma com
que os segmentos dos treinos (quadros 1 e 2) e as condições das tarefas
(quadros 3 e 4) foram organizados.
Assim,
a seqüência dos treinos da categoria de base se estruturou em todos os
segmentos de maneira uniforme, tendo uma porcentagem de (12,25%). Na
Escolinha
as tarefas combinação dos fundamentos + complexo de jogo I (25%) e jogo (25%)
foram às progressões mais frequentes.
Quadro
7 - Frequência e frequência percentual dos exercícios de Fundamentos
Individuais
realizados nas sessões da categoria de base.
Fundamentos
Individuais Frequência
Frequência
Percentual
Passe
2 33,33%
Controle/
Domínio 1 16,66%
Cabeceio
1 16,66%
Finalização
2 33,33%
Total
6 100%
Quadro
8 - Frequência e frequência percentual dos exercícios de Fundamentos
Individuais
realizados nas sessões da escolinha.
Fundamentos
Individuais Frequência
Frequência
Percentual
Passe
1 14,28%
Controle/
Domínio 2 28,57%
Cabeceio
1 14,28%
Finalização
3 42,85%
Total
7 100
Na
categoria de base, conforme o quadro 7, os fundamentos individuais mais realizados
nas sessões de treinamento, são os exercícios de passe e finalização, todos com
(33,33%). Já na escolinha, o quadro 8 apresenta o aspecto técnico de finalização
(42,85%) sendo trabalhado com maio ênfase.
De
acordo com Gimenez (2008), como observado nos quadros acima, onde o trabalho
realizado eram situações isoladas do contexto do jogo, deve-se reduzir as propostas
de trabalho que possuem um caráter mais analítico ou demasiadamente técnico, ou
ainda, que não se desenrole na ausência de um contexto que é comum à grande
maioria das modalidades esportivas de invasão – a necessidade de progredir no
terreno com a bola e a equipa para atingir um alvo.
Quadro
9 - Frequência e frequência percentual dos exercícios de combinações de Fundamentos
realizados nas sessões da categoria de base.
Combinações
de Fundamentos Frequência
Frequência
Percentual
Condução-
passe e chute 2 20%
Condução
e chute 1 10%
Condução-drible
e chute 1 10%
Condução-passe
e recepção 1 10%
Passe
e recepção 2 20%
Recepção-condução
e chute 1 10%
Recepção-passe
e chute 2 20%
Total
10 100%
Quadro
10 - Frequência e frequência percentual dos exercícios de combinações de
Fundamentos
realizados nas sessões da escolinha.
Combinações
de Fundamentos Frequência
Frequência
Percentual
Recepção
e chute 1 8,33%
Condução-
passe e chute 1 8,33%
Passe-recepção
e chute 2 16,67%
Condução-drible
e chute 2 16,67%
Condução-passe
e recepção 1 8,33%
Passe
e recepção 1 8,33%
Recepção-condução
e chute 1 8,33%
Recepção-passe
e chute 1 8,33%
Outras
Combinações 2 16,67%
Total
12 100%
No
geral, os exercícios de combinação de fundamentos mais realizados nas
Sessões
de treinamento da categoria de base enfatizam os aspectos condução passe e
chute (20%), passe e recepção (20%) e recepção-passe e chute (20%)
Os
elementos passe-recepção e chute (16,67%), condução-drible e chute
(16,67%)
e outras combinações (16,67%) constituem os exercícios de combinação de
fundamentos mais realizados pela escolinha.
Quadro
11 - Frequência e frequência percentual dos exercícios de Complexo de Jogo I
realizados na categoria de base.
Atividades
de Complexo de Jogo-a Frequência
Frequência
Percentual
Situação
de 3x2 1 20%
Situação
de 5 x4 1 20%
Situação
de 6 x5 1 20%
Situação
de 7 x7 1 20%
Situação
de 3+Goleirox2 1 20%
Total
5 100%
Quadro
12 - Frequência e frequência percentual dos exercícios de Complexo de Jogo I
realizados na escolinha.
Atividades
de Complexo de Jogo-a Frequência
Frequência
Percentual
Situação
de 1 x1 1 16,67%
Situação
de 2x1 1 16,67%
Situação
de 3x2 1 16,67%
Situação
de 5 x4 1 16,67%
Situação
de 7 x7 1 16,67%
Situação
de 3+Goleirox2 1 16,67%
Total
6 100%
Nos
exercícios de complexo de Jogo I, ou seja, situações de jogo enfocando aspectos
técnico-táticos, na categoria de base foram possíveis identificar 5 situações distintas.
Já na escolinha, foram identificadas 6 situações.
Observa-se
nos quadros 11 e 12 que nenhuma atividade de complexo do jogo foi trabalhada
mais que uma vez, mostrando não haver preocupação dos treinadores em fixar ou
automatizar as situações de redução de complexidade tático-técnicas que envolvem
uma partida de futebol.
Quadro
13 - Frequência e frequência percentual dos exercícios de Complexo de Jogo II
realizados na categoria de base.
CATEGORIA
DE BASE SUB 15
Exercícios
de Complexo de Jogo II Frequência
Frequência
Percentual
Movimentação
de Saída da
Defesa
para o Ataque
2 18,18%
Movimentação
de Lateral 1 9,09%
Movimentação
de Canto 2 18,18%
Movimentação
de Falta 3 27,27%
Posicionamento
de
Marcação
de Canto
3 27,27%
Total
11 100%
Quadro
14 - Frequência e frequência percentual dos exercícios de Complexo de Jogo II
realizados na escolinha.
ESCOLINHA
SUB 15
Exercícios
de Complexo de Jogo II Frequência
Frequência
Percentual
Movimentação
de Saída da
Defesa
para o Ataque
2 66,67%
Movimentação
de Falta 1 33,33%
Total
3 100%
Conforme
os resultados encontrados, fica evidente que a categoria de base trabalhou com
maior ênfase os exercícios de complexo de jogo II, destacando-se as movimentações
de falta (27,27%) e posicionamento de marcação de canto (27,27%), sendo que
algumas dessas situações ocorreram sem oposição, ou seja, fora do contexto do
jogo. Já na escolinha enfatizou-se a movimentação de saída da defesa para o
ataque com (66,67%).
Quadro
15 - Frequência e frequência percentual da classificação das atividades conforme
o modo de participação dos jogadores na categoria de base.
Participação
Categoria dos
Jogadores
Frequência
Frequência
Percentual
Individual
1 20%
Duplas
2 40%
Trios
2 40%
Total
5 100%
Quadro
16 - Frequência e frequência percentual da classificação das atividades conforme
o modo de participação dos jogadores na escolinha.
Participação
Categoria dos
Jogadores
Frequência
Frequência
Percentual
Individual
1 14,29%
Duplas
3 42,86%
Trios
3 42,86%
Total
7 100%
Em
relação à forma de participação dos jogadores nos treinamentos, os quadros 15 e
16 demonstram que ambas as equipes deram preferências para atividades
realizadas em duplas e trios.
Quadro
17 - Frequência e frequência percentual da conduta assumida pelo treinador
Na
categoria de base.
Conduta
dos Treinadores Frequência
Frequência
Percentual
Centrado
no treinador 145 47,54%
Iniciado
pelo treinador 8 2,62%
Retroalimentação
do Treinador 152 49,83%
Total
305
Quadro
18 - Frequência e frequência percentual da conduta assumida pelo treinador na
escolinha.
Conduta
dos Treinadores Frequência
Frequência
Percentual
Centrado
no treinador 111 41,88%
Iniciado
pelo treinador 6 2,26%
Retroalimentação
do Treinador 148 55,84%
Total
265 100
Quanto
a conduta assumida pelos treinadores, os resultados da categoria de base
demonstram equilíbrio entre as condutas centrado no treinador (47,54%) e retroalimentação
do treinador (49,83%). Na escolinha foi evidenciada a conduta de retroalimentação
do treinador (55,84%).
Quadro
19 - Frequência e frequência da estruturação das sequências de exercícios nas
sessões de treinamento considerando a função da tarefa na categoria de base.
Função
da Tarefa Frequência
Frequência
Percentual
Fixação-Competição
2 25%
Aplicação-Competição
2 25%
Competição
4 50%
Total
8 100%
Quadro
20 - Frequência e frequência da estruturação das sequências de exercícios nas
sessões de treinamento considerando a função da tarefa na escolinha.
Função
da Tarefa Frequência
Frequência
Percentual
Fixação-Competição
2 25%
Fixação-Aplicação
3 37,5%
Aplicação-Competição
1 12,5%
Competição
1 12,5%
Aplicação-Competição
1 12,5%
Total
8 100%
No
que diz respeito a estruturação das progressões de exercícios, observa-se nos
quadros 19 e 20, que não há similaridade entre a categoria de base e a escolinha.
Enquanto que a categoria de base da preferência para os exercícios de competição
(50%), a escolinha enfatiza os exercícios de fixação-aplicação (37,5%).
27
5.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A
partir do objetivo de analisar as sessões de treinamentos de categorias de base
e escolinhas no futebol, das considerações teóricas apresentadas na revisão de
literatura e dos resultados obtidos, as seguintes conclusões podem ser formuladas.
A
análise dos resultados confirma algumas similaridades nos segmentos do treinamento,
principalmente no segmento jogo propriamente dito, onde as equipes ocupam a
maior parte do tempo integral, sendo que algumas vezes o jogo correu sem
organização didática e intervenção construtiva do treinador. Revelou-se também,
nas duas equipes, a pouca utilização dos exercícios de fundamentos individuais
fora do contexto do jogo.
Apesar
desta constatação positiva, observamos novamente algumas semelhanças entre as
duas equipes nos exercícios do complexo de jogo I, onde ambas as equipes não
utilizaram uma progressão lógica, mostrando pouca preocupação com a repetição
sistemática das situações tático-técnicas para aquisição de padrões de
comportamentos da equipe.
Quanto
às tarefas mais aplicadas nas sessões de treinamento e o tempo gasto em cada
segmento nos treinamentos, observou-se diferenças entre as equipes. Na
categoria de base a preferência foi dada para o treinamento físico e o complexo
de jogo II, enquanto a escolinha deu ênfase em suas tarefas para a combinação
de fundamentos. Também observamos que o tempo total de treinamento da categoria
de base foi superior ao tempo total de treinamento da escolinha
Os
resultados obtidos indicam que ambas as equipes, não utilizaram uma metodologia
apoiada na compreensão, que exija reflexão do ambiente e que vise o desenvolvimento
de atletas pensantes, já que a realidade do jogo indica a necessidade constante
de tomada de decisão e antecipação das ações.
Ao
analisarmos os dados na observação dos treinamentos, é importante considerarmos
os objetivos distintos de cada equipe. Ficou clara a maior cobrança por
resultados e maior preocupação com o rendimento da equipe da categoria de base,
num período de jogos decisivos do campeonato estadual, enquanto a escolinha
realizava seus treinamentos preparando-se para uma competição regional.
Não
pretendemos nesse estudo, opor-se aos conceitos de treinamentos vistos nas
observações. Inegavelmente os dados obtidos revelam aspectos importantes sobre
as metodologias do ensino e do treinamento da modalidade de futebol.
Procurou-se
evidenciar nesse trabalho, uma reflexão crítica, contribuindo para a evolução
do ensino-aprendizagem-treinamento do futebol, possibilitando um aprofundamento
dos profissionais envolvidos nesse processo.
Para
findar, entendemos que nossas constatações não resolverão todos os problemas
que envolvem o treinamento de futebol. Acreditamos que esse estudo possa
contribuir para evolução do futebol, bem como servir de referência para outras investigações
que envolvam o futebol em outros ambientes e em diferentes contextos.
Comentários
Postar um comentário