A Importância da Formação do Treinador de Futebol
Especial: A Importância
da Formação do Treinador de Futebol
Espanha
faz sucesso no mundo e condiciona títulos e formação de jogadores ao longo
processo de qualificação dos gestores técnicos de campo.
Equipe
Universidade do Futebol
A Espanha fez história na edição de 2012 da Eurocopa. Na
realidade, assinou com letras douradas mais um capítulo no processo que a
consolida como a maior força do futebol mundial. Dois anos antes, na África do
Sul, a equipe comandada por Vicente Del Bosque vencera de maneira inédita a
Copa do Mundo, título que já sucedera o triunfo da equipe comandada por Luis
Aragonés no principal torneio entre seleções do Velho Continente, em 2008.
Se traçarmos um paralelo, esta geração pode ser comparada ao
Brasil durante a “Era Pelé”, podendo até ser considerada superior, pois, entre
as vitórias nos Mundiais de 1958 e 1962, o melhor resultado da equipe canarinho
foi um segundo lugar no sul-americano, em 1959.
No mesmo momento em que a supremacia da Fúria é destacada, o
Brasil cai para o 13º lugar no ranking dos melhores do mundo, em atualização
feita em novembro de 2012.
Mas o que tem de especial a equipe que mescla jogadores consagrados
como Casillas, Albiol, Iniesta, Xavi, Fernando Torres, Fàbregas, Xabi Alonso,
Sérgio Ramos, etc. (todos campeões europeus quatro anos atrás), e novatos como
Jordi Alba, Juan Mata, Javi Martinez, Pedro Rodrigues, etc., com média de idade
inferior a 24 anos? Será uma sorte de campeão? Um presente do destino que
reuniu estas pérolas em uma mesma geração? Para o Técnico espanhol Vicente Del
Bosque, os resultados não são mera coincidência e o caminho é muito mais
trabalhoso do que se pensa.
“O nosso sucesso não é uma coincidência e tem origem em muitas
coisas: na estrutura do futebol, nas academias e na formação dos treinadores.
Os clubes [espanhóis] estão empenhados na formação de jovens. Antes viajávamos
para França, Rússia e Alemanha para procurar talentos nas suas academias”,
referiu o selecionador espanhol ao site da Real Federação Espanhola de Futebol
(RFEF).
Na mesma linha, Ginés Melendez, diretor-técnico da RFEF (Real
Federação Espanhola de Futebol), crê que o segredo do sucesso do futebol
espanhol tem um ponto crucial que não começou no campo, mas sim nas salas de
aula:
Para se ter a noção da dimensão que envolve a formação espanhola é
só observarmos os dados: na temporada 2010/2011, a RFEF emitiu mais de 53 mil licenças
para treinadores futebol e futsal que realizaram os cursos dos quatro níveis
propostos pela federação espanhola.
Isso permite supor que, na Espanha, cada escolinha de futebol e
futsal, equipe de iniciação ou alto rendimento possui um profissional formado
sob a chancela da federação espanhola.
É importante salientar que aqui tomamos a Espanha apenas como um
recente exemplo de sucesso, porém este trabalho de formação vem sendo realizado
em todo continente europeu como mostraremos durante o especial.
Os dados apresentados chamam a atenção para uma nova realidade no
cenário futebolístico mundial, no qual, devido à profissionalização do esporte,
ao aumento e desenvolvimento das demandas atreladas ao jogo e ao contexto que o
envolve, o cargo de treinador exige capacidades e qualidades não contempladas
apenas pelo contato significativo com a modalidade como ex-jogador.
Para isto existe hoje a necessidade fundamental dos profissionais
que objetivam trabalhar no futebol buscarem uma formação de qualidade. E é
necessário dedicar-se com o intuito de melhorar sempre as metodologias de
treino, a capacidade de liderança e muitas outras capacidades que fazem
diferença no caminho para o sucesso.
Como comenta Tostão, ex-jogador e colunista esportivo: "É
essencial uma formação acadêmica para ex-jogadores e outros profissionais. Para
ser um bom técnico de futebol, o ideal é unir a experiência do passado a uma
formação técnica e teórica", atesta Tostão, ex-jogador e colunista
esportivo.
Patric Bonie, diretor técnico da Federação Irlandesa de Futebol,
segue com a mesma ideia: "Começar por baixo, de preferência jovem, num
clube onde ainda seja também jogador. E, depois, fazer um curso de treinador
baseado na prática porque, embora a experiência enquanto jogador ajude, as
técnicas de treino não se aprendem do ar. Tem de se realizar os cursos, de
forma a estar preparado para o dia em que se assuma um importante cargo de
treinador e para a inerente pressão".
José Mourinho, um dos treinadores mais vitoriosos da história do
futebol afirma ainda, que não ter sido jogador de futebol profissional o ajudou
em seu trabalho como treinador, porém reitera a necessidade de vivenciar o
ambiente desse esporte não contemplado em toda a magnitude nos livros:
José Mourinho e a necessidade da relação entre teoria e prática para a formação do treinador de futebol
José Mourinho e a necessidade da relação entre teoria e prática para a formação do treinador de futebol
A ideia que o treinador deve ter uma formação de qualidade também
é compartilhada por alguns profissionais no Brasil, como é o caso do diretor
das categorias de base do São Paulo Futebol Clube em depoimento para a Universidade do Futebol.
Com base neste polêmico e complexo assunto, a Equipe Universidade do Futebol preparou um especial com
o tema: “A importância da formação de treinadores de futebol.”
Este especial tem o intuito de gerar reflexões a partir de algumas
questões norteadoras como: qual é o atual estágio da formação desses profissionais
em alguns dos principais países continente europeu? Qual a importância do
processo? E no Brasil, em que estágio estamos? Qual é a opinião de treinadores
e estudiosos do futebol a respeito do assunto?
Essas
são algumas das perguntas que buscaremos responder neste especial.
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