Princios da Flutuação
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Se começarmos agora a falar de futebol, temos
imensos assuntos para discutir, como psicologia, treino, organização tática,
princípios de jogo e até como
ganhar dinheiro com o
futebol. Apesar de ser futebol que vamos estudar neste artigo, não vamos
estudar tudo o que existe neste desporto, mas apenas estudar dois princípios de
defesa: equilíbrio e flutuação.
O que é a flutuação?
Anteriormente na nossa comunidade, referimos as vantagens
e as desvantagens da flutuação no futebol. Geralmente, as equipes que se servem da flutuação
como princípio estrutural de defesa e principal método defensivo, orientam-se
em função da bola. Seguem a bola, movimentam-se para onde a bola for, e ocupam
o espaço em volta da bola, obrigando o adversário ao erro ou tentando o
desarme. Segundo Vasquez Folgueira (2001), a flutuação refere-se à movimentação
em largura quando o adversário passa a bola entre diferentes zonas do campo,
movimentação essa coordenada entre os vários jogadores da equipa. Por exemplo,
na figura a seguir, a equipe ocupa o espaço onde se encontra a bola:
Em que situações utilizar a flutuação?
Vamos pensar em conjunto: se com a flutuação, os
jogadores se organizam em volta do centro de jogo, para levar o adversário ao
erro ou tentar o desarme, como podemos desenvolver uma forma de jogar em volta
deste princípio? Em primeiro lugar,
precisamos saber como o adversário vai tratar a bola, para onde a vai levar e o
que vai tentar fazer com ela. É fulcral saber em que momento devemos recuperar
a bola, para que o nosso processo ofensivo seja mais eficaz e facilitado. Em
segundo lugar, organizamos a equipa para recuperar a posse de bola:
·
Antes de
a bola ser recuperada: movimentando-se sempre com o espaço fechado
·
Recuperando
a bola: especialmente se for o momento certo para fazê-lo
·
Tratando
bem a bola: não vale a pena perder a bola logo após a recuperar
Mas, por que tratar bem a bola depois de
recuperá-la, e como o fazer?
Podemos utilizar duas estratégias diferentes. Se o
adversário liberta muito espaço no seu lado do campo, tentar o contra-ataque é
uma boa estratégia. Mas se o adversário causa demasiada pressão no centro de
jogo, ou dispõe de muitos jogadores nessa zona, ou ainda ocupa bem o seu espaço
defensivo, não adianta tentar ações ofensivas com a bola. O risco é muito
elevado. Existe um termo, "retirada da pressão" ou como quiserem
chamar, onde o portador retira a bola da zona de pressão logo após a recuperar,
passando a mesma a um colega de equipa. Esse colega, agora com mais espaço,
pode voltar a libertar para outro colega ainda com mais espaço para jogar ou
iniciar uma jogada ofensiva. Mesmo que a equipa perca a posse nessa jogada
ofensiva, perdeu tentando levá-la à baliza adversária com um propósito, logo
não será em vão.
O que é o equilíbrio defensivo?
Nem sempre é necessário criar zonas de pressão para
forçar o adversário a cometer erros. Muitas vezes é mais fácil não permitir ao
adversário ter por onde progredir, que ele mesmo encarrega-se de cometer erros
sem grande pressão defensiva da nossa equipa. Evidentemente que não refiro
deixar o adversário entrar na nossa zona defensiva e fazer da bola o que
quiser. A função do equilíbrio defensivo será organizar os jogadores no espaço
defensivo de forma homogénea pela amplitude do campo, sempre com ações de
desarme e pressão quando a bola passa perto de um jogador.
Em que situações utilizar o equilíbrio
defensivo?
Apesar de a flutuação estender a ocupação do espaço
numa determinada área, essa ocupação deve ser equilibrada. Significando isso
que, se o espaço em volta da zona da bola for demasiado ocupado, isto é, tem muitos
jogadores nessa zona, significa que vai haver espaços no campo sem ocupação,
espaços livres, por onde o adversário pode levar a bola e criar situações a
partir daí. O princípio do equilíbrio defensivo busca contornar esse problema,
dividindo os jogadores de forma equilibrada no espaço do campo. Para isso,
necessitamos de dividir os jogadores entre centro de jogo e fora do centro de
jogo, assim como dividir os jogadores no espaço no centro do jogo e fora do
centro do jogo.
Portanto, se o adversário ataca em pontos
diferentes da nossa defesa onde não sabermos por onde vai atacar, a melhor
opção é mesmo defender todo o nosso campo de forma equilibrada, e reagir
rapidamente quando o adversário entra numa zona. Como mostra a figura, não
importa por onde ataque o adversário, que encontrará sempre dificuldades por
parte da nossa equipe.
Que vantagens têm a nossa equipa com o
equilíbrio defensivo?
Imensas, obviamente. Podemos até referir que a
marcação à zona é orientada pelo princípio do equilíbrio defensivo. A principal
vantagem é manter o espaço sempre ocupado, mesmo quando dois ou três jogadores
se soltam para pressionar o adversário. Mesmo nessa situação, restam sempre
jogadores em cobertura defensiva, jogadores a ocupar o corredor lateral
contrário, jogadores perto do centro do jogo prontos para entrar em ação ou
fechar linhas de passe, assim como jogadores-chave adversários sempre
pressionados por jogadores da nossa equipa.
Como relacionar estes dois princípios com
o tamanho do campo?
Para fazer esta relação, vamos distinguir apenas
dois tipos de campos de futebol: com muitíssima amplitude, e com pouquíssima
amplitude. E se o leitor assim pretender, pode estudar porque
o tamanho do campo influencia no rendimento das equipes para entender melhor a questão
agora apresentada: como relacionar estes dois princípios com o tamanho do
campo?
Em campos com baixa amplitude
Servir-se da flutuação pode ser um excelente método
defensivo. Quando a equipe joga em campos pouco largos, e movimenta-se em
função da bola, basculando, existirá sempre uma pressão elevada em volta do
centro de jogo. Uma vez que o campo é pouco largo, a equipe demora pouco tempo
a flutuar entre um corredor e o outro, alcançando rapidamente o espaço onde se
encontra a bola. Isto quer dizer que, em campos pouco amplos, a flutuação irá
criar elevada pressão em cima do adversário com facilidade.
Em campos com elevada amplitude
Servir-se da flutuação para um campo tão largo,
desgastando tanto os jogadores e fazendo-os perder tanto tempo a movimentar-se
entre corredores é consideravelmente um erro, exceto se o adversário não tenta
ampliar o seu jogo ofensivo. No futebol, consegue-se fazer a bola se mover mais
depressa que os jogadores. Se vamos utilizar a flutuação, chega uma altura que
o adversário nos encontra num lado do campo, e coloca a bola no outro lado do
campo, onde tem espaço para jogar. Isso fará a nossa equipe não ter tempo
suficiente para cobrir esse espaço, o que pode originar situações desvantajosas
para a nossa equipe. O essencial para campos de elevada amplitude é ocupar o
espaço horizontal de igual forma, e deixar apenas um pequeno espaço no corredor
contrário à posição da bola. Mesmo que o adversário coloque rapidamente a bola
nesse corredor, a nossa equipe tem jogadores perto dessa zona e fará pressão
rapidamente.
Cito ainda que, a flutuação e equilíbrio são apenas
dois princípios para organizar a organização defensiva da nossa equipe e que
não devemos depender desses princípios para essa organização. Existem outros
fatores, como a estratégia adversária, por exemplo, ou a posição das linhas de
marcação.
Conclusão
Na final da liga Europa entre o
SL Benfica e o Chelsea FC, enquanto eu via a partida com um colega meu, era fácil ficar com a
impressão que o SL Benfica estava a controlar o jogo, quando na realidade não
estava. Mesmo com muitos ataques e várias aproximações da baliza, o Chelsea FC
defendeu sempre o seu espaço de forma equilibrada, com capacidade para
pressionar em qualquer zona do campo. Esse meu amigo bem teimou que o SL
Benfica ia ganhar, mas
se eu tivesse apostado no que
eu acreditava, tinha
ganho algum dinheiro. Fica para a próxima. Nesse jogo, o ponto-chave para a
vitória da equipa inglesa foi o equilíbrio na sua zona, justamente pelo que
aqui tratamos.
Importante será mesmo referir que a flutuação deve
ser orientada pelo equilíbrio, em que a ocupação do espaço deve ser feita de
forma equilibrada. Se for ao contrário, a flutuação não orienta o equilíbrio
defensivo, uma vez que a ocupação equilibrada dos espaços não é flutuar, mas
ocupar organizadamente o espaço, para que não haja um espaço livre em lado
algum da defesa. Ficam aqui alguns artigos que o leitor certamente considerará
importantes:
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