A Análise de Desempenho no Futebol
A Análise de Desempenho no Futebol
Parte II: informações de
jogo
Analista precisa mostrar o
jogo e dar informações reais, pontuais e que ajudarão time nas vitórias e na
formação
Na parte I da
trilogia da análise de desempenho, vimos algumas das funções do analista e a
interação entre vários tipos de dados.
Na segunda parte da série,
gostaria de discutir com vocês a respeito das informações de jogo.
No jogo, por ele ser
imprevisível, caótico, complexo, etc., muitos dados podem ser coletados e se
transformar em informações para os jogadores, técnicos, preparadores físicos,
árbitros, público e assim por diante.
É possível, por exemplo,
coletarmos os dados de scout e apresentar para a comissão técnica um relatório
com informações técnicas da equipe, como passe.
Vamos utilizar o exemplo do
passe e ver como o mesmo pode nos trazer algumas informações do jogo.
Em um relatório X, vejo que
a equipe A teve um aproveitamento de passe de 85%.
O que isso me mostra?
Quase nada!
Apenas com essas informações
tenho poucos recursos para avaliar o jogo e fazer algum tipo de intervenção na
prática, justamente por mostrar apenas uma parte descontextualizada do jogo
(!).
Vamos tentar transformar
esse dado em uma informação um pouco mais valiosa, se é que podemos dizer isso.
Então, tenho um dado que
mostra que a equipe A tem 85% de aproveitamento de passes, contudo vejo que 70%
dos mesmos são para trás ou para o lado e mais da metade deles (dos 70%)
ocorrem no campo de defesa.
O que esse dado começa a me
mostrar?
Que a equipe A tem um bom
aproveitamento de passes, mas os mesmos ocorrem para trás e para o lado e no
setor defensivo.
Continuo tentando dar
sentido aos dados...
Olhando para o jogo vejo que
o adversário, equipe B, tem como princípio de defesa impedir progressão atrás
da linha 3 (meio-campo) e na transição defensiva os jogadores mais próximos à
bola retardam a jogada, enquanto os demais voltar para trás da linha do
meio-campo.
A equipe A, por sua vez, na
transição ofensiva buscar tirar a bola da zona de pressão e logo inicia um jogo
de manutenção da posse em seu campo defensivo e só progride em momentos em que
cria superioridade numérica nos setores laterais do campo.
Olhando ainda para os dados
vejo que nas regiões laterais do campo próximas à intermediária ofensiva há
dois dados distintos em relação ao aproveitamento de passes. Enquanto no lado
direito o aproveitamento passa dos 65% em passes para frente, do lado esquerdo
esse valor não chega aos 30%.
Indo mais a fundo, vejo que
do lado direto há um adversário na linha do meio que não está integrado ao
processo e não estrutura bem o espaço em sua região. Por esse fato, a linha
defensiva se posiciona a fim de compensar essa falha do jogador.
Por sua vez, essa
compensação leva a uma perda do equilíbrio horizontal e os dados mostram que os
lançamentos do lado direito para o lado esquerdo da defesa no campo ofensivo
tiveram um aproveitamento de 50%.
Quando a equipe virava o
jogo corretamente (da direita para a esquerda) e o jogador que recebia a bola
buscava a progressão (45% das vezes), a equipe conseguiu criar três jogadas que
acabaram em finalizações; em uma delas inclusive o gol aconteceu...
Vejam: de um dado de
aproveitamento de passes conseguimos chegar ao gol!
O grande segredo é
transformar os dados em informações valiosas.
O analista de desempenho
precisa mostrar o jogo e dar informações reais, pontuais e que ajudarão a
equipe a ganhar jogos ou a formar atletas melhores!
Dar apenas um pedaço do todo
não é o suficiente!
Por isso volto a afirmar que
isso é só o começo...
Espero que continuemos com
bons mestres para que a cada dia aprendermos mais sobre a essência do jogo e
para além disso!
A informação se encaixa?
Até a próxima.
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